Eu não tinha entendido que era recíproco

Eu nunca imaginaria que seria recíproco, não vindo dele. Ele era platônico, e me conquistou na primeira conversa, tempos atrás. Me conquistou quando eu o vi de novo, quase um ano depois, logo antes de se mudar de cidade. Ele que voltou algumas vezes, e que eu encontrei de surpresa quando estava descabelada e desarrumada, como manda a lei de Murphy. Todas as vezes eu fui conquistada.

Até tinha entendido que ele queria me ver quando me avisou que viria para passar o final de semana, mas não sabia que era dessa forma. E ainda não acreditava quando, naquele instante antes do primeiro beijo, eu senti aquele frio que corre da nuca à espinha, e a vontade de beijar e sorrir ao mesmo tempo, que talvez tenha sido o que eu acabei fazendo. Me perdi, não lembro.

Também não lembro quando me perdi. Pode ter sido no começo da noite, quando ele me disse que lia o que eu escrevia (e gostava!). Talvez tenha sido no meio, quando eu afastei a mão dele que se aproximava do fecho do meu sutiã, e ele me olhou e disse para ficar tranquila: “só estou fazendo carinho”. Talvez tenha sido no dia seguinte, quando ele quebrou a regra dos 3 dias ao me mandar mensagem, mesmo sabendo que não me veria por pelo menos um mês. Quando ele foi embora, eu ainda estava perdida.

Então ele voltou, me chamou formalmente para jantar, me ajudou a criar a Roberta, segurou minha mão, e foi embora. Parecia recíproco, mas não podia ser. Não ele, não apaixonado, não por mim. Ele apaixonado por mim? Eu apaixonada por ele, sim.

Ele voltou, e voltou, e quando não pôde voltar, ele me chamou. E apesar da recorrência dele, de todas as palavras e sinais, era loucura acreditar no conjunto explícito de palavras que ele pronunciou:”eu quero namorar com você”.

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Hoje faz 6 meses que eu disse o mesmo, que queria namorar com ele. Meio ano que as armas foram abaixadas. 26 semanas que ele me encanta todos os dias, e me assegura de sua reciprocidade. E eu sigo incrédula, feliz, insegura, apaixonada, vulnerável, forte, confusa com sentimentos tempestuosos em um cérebro de adolescente nas nuvens, tentando alcançar o chão com os pés. Mas tudo bem porque quando ele vem, no simples toque das nossas mãos, eu não sinto mais nenhuma necessidade de entender.

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Eu comecei a escrever esse texto mais de 6 meses atrás, logo depois da criação da Roberta. A minha intenção sempre foi esperar para publicar, independentemente do desfecho. Se nossas expectativas não tivessem sido as mesmas, eu provavelmente concluiria com algo tipo “aceitar e passar para a próxima” (como 90% do que eu escrevo aqui). Mas deu, e eu estou feliz em não saber como seria o “final triste” dessa história 🙂

Ane

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